Para onde vão os guarda-chuvas e um ano inteiro de conhecimento e aprendizagem?
Para onde vão todos os conhecimentos e aprendizagens que acumulamos ao longo do ano letivo? Chegam as férias “grandes” e uma imensidão de experiências conquistadas por professores, psicólogos, diretores e colaboradores parecem perder-se, como se fossem tão descartáveis como um simples guarda-chuva.
“Para onde vão os guarda-chuvas" é o título de um livro de Afonso Cruz. Uma das personagens conta que este mistério fascinava a sua mãe, que apesar de os perder constantemente, nunca conseguiu encontrar nenhum. Talvez fossem para um país distante ou um monte sagrado.
Mas fora da imaginação do romancista, este enigma parece não ocupar ninguém. Perder guarda-chuvas é uma inevitabilidade que só nos causa a maçada de apanhar com gotas de chuva ou convida a algumas corridas para lhes escapar. Mas a parábola leva-nos a refletir sobre coisas bem mais importantes que nos habituamos a perder como se fosse uma fatalidade.
Para onde vão todos os conhecimentos e aprendizagens que acumulamos ao longo do ano letivo? Chegam as férias “grandes” e uma imensidão de experiências conquistadas por professores, psicólogos, diretores e colaboradores parecem perder-se, como se fossem tão descartáveis como um simples guarda-chuva.
Muitos dirão que não se perdem, estão bem guardados nos dossiers, nas memórias, emoções e até no sistema informático. Estão mesmo? Ora façam lá uma pausa na leitura e vão procurar, provavelmente repetirão a experiência de não encontrar o guarda-chuva onde tinham a certeza de o ter deixado.
Tudo o que aprendemos até chegar à nota
Uma turma não é uma coleção de pautas nem uma nota diz tudo sobre cada aluno. Para chegar à pauta final, o professor criou relações com os alunos e colegas, motivou, descobriu, sofreu e ajudou a superar, partilhou desafios e ansiedades, trabalhou muito e registou.
Cada ano letivo exige diversas estratégias e métodos para se conhecer um aluno, perceber interesses, dificuldades, motivações e potencial. Infelizmente, esse é um percurso feito mais solitariamente do que em equipa, às tantas parece que cada professor faz a sua longa peregrinação sozinho, o caminho de Santiago do professor, convivendo apenas em alguns momentos para partilhar histórias e perceções.
Os registos das aulas perdem-se em cadernos e ficheiros, onde o professor tenta fixar a sua visão sobre desempenho e competências de cada aluno. Depois, talvez tenha tempo para olhar com calma para esses registos e possa produzir uma informação transferível para uma pauta. Inevitavelmente, todo este processo implica perdas sistemáticas, atrasa a descoberta do aluno, obriga a que se selecionem observações em detrimento de outras.
Mas o conhecimento que é adquirido por um professor não se reúne de imediato ao que os outros professores registam sobre esse mesmo aluno e é preciso esperar por reuniões e encontros para gerar um conhecimento partilhado. Muitas observações nunca chegam a ser debatidas ou então ficam registadas em textos e relatórios rígidos, que não podem ser integrados e processados rapidamente.
E onde estão todos os outros dados que apenas surgem depois de cruzarmos informações? Indicadores importantes sobre empenho, aprendizagens, atitudes e opiniões que nunca chegam a ser descobertos.
Nos trabalhos e projetos interdisciplinares, os debates e o esforço de todos fica também disseminado pelos cadernos, documentos e plataformas dos vários professores, em conversas espalhadas por emails, chats, corredores e mesas de reunião. E o mesmo sucede com tanto do que acontece na relação com encarregados de educação ou colaboradores. E aquele assunto que falamos em outubro? E quem fez o quê para uma inovação que se pretende assegurar para o próximo ano?
Por isso, podemos dizer que muitas das aprendizagens e experiências vivenciadas ao longo do ano letivo não transitam para o ano seguinte. Vão para um país distante.
Novos professores, velhos desafios
Todos os anos, os diretores debatem-se para estabilizar as suas equipas, mas o mais comum é terem vários professores a partir e outros a chegar. Onde está o perfil de cada aluno que cada professor ajudou a desenvolver e a aprofundar? Talvez em atas, pautas e relatórios. Nas suas notas pessoais. Onde está o trabalho desenvolvido diariamente pelas equipas? Temos de retomar do zero, repetir questões, dúvidas e debates, ou podemos consultar o que foi feito? Onde estão as aulas promovidas, com todas as suas dinâmicas, interações e materiais pedagógicos?
Tudo o que se perde, não nos transforma.
Se estiverem no e-Schooling, estarão sempre na escola, garantindo um conhecimento cumulativo, que permite à escola crescer e mudar quando tiver de ser.
Registos, observações, aulas, avaliações, documentos, grupos de trabalho, agendas inteligentes, debates e trabalho colaborativo estão no e-Schooling. A cada dia, a escola cresce com as dinâmicas, aprendendo com todo o trabalho realizado e ajudando cada professor a integrar-se na equipa e nessa missão de contribuir para um conhecimento profundo e empenhado de cada aluno.
Não se trata apenas de registar e trabalhar numa plataforma. O e-Schooling é onde acontece todo o ensino e aprendizagem, onde as equipas se encontram, comunicam, partilham e criam conhecimento que nunca deixa de crescer. Um conhecimento mais simples de conquistar e mais difícil de perder.
Para um professor, o e-Schooling poupa muito tempo nos registos, assegurando que todo o manancial de informação com que ele lida diariamente em aulas, reuniões e projetos fará sempre sentido e terá impacto na sua visão e gestão do processo de ensino e aprendizagem.
Para o diretor, é a garantia de ter as suas equipas integradas e orientadas, mesmo aqueles que chegam a cada novo ano, com menos procedimentos desgastantes e infrutíferos, valorizando muito mais toda a informação gerada pela sua equipa.
No final de cada ano letivo teremos a certeza de que as aprendizagens e conhecimentos adquiridos por todos não se perderão definitivamente como os guarda-chuvas. Estarão sempre disponíveis e acessíveis para a escola.
João Paulo Teixeira
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