No 18.º episódio de Isto Não é Pera Doce, estivemos à conversa com Raquel Queirós Pinto, psicóloga clínica, doutorada em Psicologia Aplicada e uma apaixonada pelo poder transformador das relações. Já publicou um livro (“Abraça as Emoções”), é uma ativista pelo poder da parentalidade em transformar o mundo num lugar melhor e está ligada à associação Unificar, nomeadamente ao Programa da DROPI, destinado a crianças, para a promoção do desenvolvimento socioemocional e prevenção de comportamentos de risco. Este é um episódio delicioso, que passa por vários destinos: começa pela parentalidade, passa pela escola do passado, chegando até à atual, e ainda nos mostra programas extracurriculares extremamente necessários para a sociedade atual.
Quais são as preocupações da atual geração de Pais?
A parentalidade é um desafio cada vez mais investigado pelos especialistas. “Como ser um bom pai?” ou “Como ser uma boa mãe”, são questões centrais que pairam, diariamente, na mente dos pais da atualidade. De acordo com a nossa convidada Raquel Queirós Pinto, estamos perante a geração que mais informação consome sobre a temática da parentalidade, com a intenção de quebrar aquilo que não foi bem feito em termos educativos pelas gerações anteriores.
A geração atual reconhece a grande importância do papel da infância e, com o seu desejo em transformar o mundo num lugar melhor, têm uma certa consciência de que os seus filhos são o único caminho para lá chegar. Porém, demasiado consumo de informação também pode acabar por ser prejudicial e traduzir-se numa certa desorientação, dada a variedade de modelos, opiniões e perspetivas.
Às vezes, lemos um livro que é espetacular e que nos convence do seu modelo, das suas dicas e dos seus princípios e, de repente, tentamos fazer e aplicar esse modelo. Depois, já lemos um outro que também nos convence mas que é contrário ao anterior. (…) Há muita informação e a facilidade com que nos desorientamos é muito fácil.
Para ajudar as famílias a gerir essa informação, Raquel acredita que deve existir uma responsabilidade por parte de várias entidades, nomeadamente nas instâncias da educação e da saúde, para dotar os pais de informação sobre desenvolvimento e práticas de gestão emocional e comportamental, entre outros assuntos que deveriam ser requisitos obrigatórios para todos aqueles que lidam com crianças, diariamente.
Um fosso entre o conhecimento científico atual e as práticas da comunidade escolar
Enquanto Doutorada em Psicologia Aplicada, Raquel integrava na época uma equipa de investigação que estudava o desenvolvimento infantil e o funcionamento emocional e comportamental das crianças. Ao longo do doutoramento, rapidamente se apercebeu que o conhecimento já era vasto, até mesmo aquele referente a “micro-assuntos”.
Nós já sabíamos imenso sobre assuntos muito pequeninos, já sabíamos coisas que vão ao detalhe. Por exemplo, eu estudei uma pequenina alteração num gene e de que forma é que isto se relaciona com uma série de outras questões.
Apesar da existência de um fosso muito grande entre o conhecimento científico e as práticas no terreno não ser exclusiva da área da Psicologia, nesta área em particular a chegada do conhecimento às comunidades é ainda mais lenta. Na ótica da nossa convidada, as escolas ainda têm práticas muito desatualizadas em relação às crianças. Estar numa sala de aula significa ainda, em muitos casos, estar num espaço, sentado, a decorar, sem muito tempo para pensar, questionar, resolver problemas reais ou ter a oportunidade de aprender, diretamente, no terreno.
Para a diminuição deste fosso, Raquel apresenta várias alternativas ao longo do episódio, dando maior relevância áquela que lhe parece mais relevante: cuidar da figura do Professor e também dos assistentes operacionais, elementos que acredita terem um grande potencial para transformar o Mundo.
A importância da Parentalidade Intencional
Por esta fase, já sabemos que os Pais têm objetivos, preocupações e muito conhecimento. Mas, no meio de tanta informação e expectativa, há algo que é fundamental para Raquel: a intenção. O termo “Parentalidade Intencional” surgiu na altura da sua gravidez. Com tantos objetivos, enquanto mãe e enquanto profissional, nem sempre conseguia atingir todos aqueles a que se propunha. Foi a partir deste ponto que Raquel decidiu guiar-se pela intenção:
Eu acredito que a parentalidade há-de ser muito sobre isto: eu tenho esta intenção, tenho muitas intenções e, muitas vezes, vai acontecer não conseguirmos. Esta é a história da parentalidade intencional.
Para além de se guiar por este conceito, Raquel também se apoia num modelo que inclui 5 grandes pilares: relações, comunicação, consciência emocional, partilha de informação e análise do ponto de partida da parentalidade, que constitui cada um de nós, enquanto pais.
Quando os pais têm, do seu lado, o conhecimento e a informação que necessitam, o impacto do aprofundamento das relações acontece até mesmo ao nível do sistema imunitário, traduzindo-se em menor stress parental e, consequentemente, em menores níveis de inflamação. E esta é apenas mais uma das conclusões maravilhosas que Raquel partilhou connosco ao longo do episódio.
Está na altura de colocar os fones e juntar-se a nós para navegar pela parentalidade, descobrir mais sobre o Projeto DROPI, que se trata de um canguru muito especial que se alimenta de sentimentos, e aprender mais sobre desenvolvimento socioemocional. A nossa convidada explicou tudo de uma forma muito leve, otimista e recheada de boa energia.
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