No episódio 12 de Isto Não é Pera Doce, conversamos com Alexandre Mendes. Com o seu vasto currículo, o episódio podia, perfeitamente, ter longos e largos minutos dedicados à apresentação da sua carreira, formações e iniciativas. Mas, apesar dos seus vários papéis e talentos, este episódio ajuda-nos a responder, maioritariamente, a duas questões: “como é que conseguimos criar uma nova geração de empresas, alavancadas pela tecnologia e capazes de competir internacionalmente?” e “como é que ajudamos as pessoas a desenvolver competências que as empresas, efetivamente, contratam?” Na perspetiva de psicólogo, empreendedor e pai, as reflexões sobre o tecido empresarial e o mundo escolar foram muitas neste episódio.
“Como é que mudamos o mundo?”, foi esta a questão que deu origem a um percurso fascinante
Para este empreendedor nato, houve uma questão que foi essencial para o ajudar a descobrir o caminho a seguir: “como é que nós mudamos o mundo?”. Foi este o seu pensamento inicial, para o qual a análise do atual estado do mundo forneceu o maior contributo que deu origem à resposta. A política, os mecanismos e as instituições são de grande relevância para mudar o mundo, mas o papel das empresas é fundamental. Particularmente em Portugal, onde temos vivido sucessivas crises, a resiliência do tecido empresarial tem sido crucial. Foi com isso em mente que Alexandre sentiu interesse em dar visibilidade a uma nova geração de empresários que apresenta novas ambições, guiadas por uma matriz bastante distinta daquela que é a clássica matriz de problemas de gestão em Portugal.
É esse lado que eu acho que, em Portugal, ainda não reconhecemos o suficiente. Há toda uma nova geração de empresários, com muito mundo, com uma ambição enorme, cultura e vontade de fazer e ter um impacto na sociedade completamente diferentes.
E que ligação é que tem este tema com a Educação? Toda. O contexto educacional é essencial para potencializar estes novos talentos jovens. Se os outros países competem por talento, porque é que em Portugal estamos demasiado ocupados a tratar da massa crónica das empresas? Por isso, é essencial avaliar a atual realidade, seja das empresas, seja das escolas.
Mas, afinal, quem é que veda o acesso a quem: as Escolas ou as Empresas?
Se, atualmente, as empresas e as escolas não se intercetam como deveriam, é necessário avaliar as causas que justificam a separação destes dois mundos que deviam coexistir. Para Alexandre, o ponto de partida inicial é refletir sobre a responsabilidade da educação: é de quem?
No campeonato nacional, dá-me a sensação de que passamos a vida a delegar a responsabilidade da educação. Os pais delegam às escolas, as escolas delegam aos pais, as empresas delegam às escolas… A sociedade fica ali meia confusa, (…) e o aluno, o estudante aqui no meio, muitas vezes fica perdido.
Sabemos que, em Portugal, a ligação entre o modelo académico e o mercado de trabalho é praticamente inexistente. As Escolas não estão a ensinar o que as empresas estão a procurar, mas será que as empresas estão a par daquilo que as instituições de ensino estão a lecionar? Paradoxalmente, é preciso alimentar as nossas empresas com as competências que elas necessitam e, em simultâneo, alimentar a nossa sociedade com aquilo que ela precisa. Existem necessidades das empresas que são meramente circunstanciais, o que explica que as escolas não tenham como prioridade assegurar essas competências. Mas, como é que podemos resolver este problema? Na ótica de Alexandre, garantindo nas escolas o desenvolvimento das metacompetências.
Ao longo do episódio, o nosso convidado fez várias revelações. Uma delas associada com a posição muito crítica que já teve em relação às escolas mas que, no momento, se transformou numa posição de enorme empatia por estas instituições, considerando agora que as escolas são as que mais entregam à sociedade e que mais problemas distintos resolve. Na perspetiva do nosso convidado, as empresas têm de ir cada vez mais às escolas para que se possam estabelecer sinergias que podem originar um cenário ideal, em que os estudantes e os futuros profissionais têm acesso a competências de programação e a uma educação voltada para as ciências e tecnologia (mas não só!), para combater aquilo que ele considera ser uma predisposição nacional anti-matemática e anti-ciências.
Enquanto Pai, que competências e valores têm mais relevância?
Será que as críticas construtivas e as visões que Alexandre apresenta sobre a sociedade surtem alterações no seu papel enquanto pai? De acordo com o nosso convidado, exercer o papel de pai colocou-o, a determinada altura, numa espécie de armadilha.
Quando nós estamos no processo de nos tornarmos pais, rapidamente caímos numa armadilha e tentamos proteger muito os nossos filhos e de isolá-los da sociedade, que vemos como maligna de alguma forma. Para mim, foi importante, a dada altura, perceber que esse exercício era estéreo e foquei-me muito mais em tentar ajudá-los a aprender a conviver com a sociedade.
Para tal e quando estava prestes a ser pai, Alexandre escreveu uma lista semelhante àquela que levamos para o supermercado, com cinco valores que gostava de ajudar os filhos a desenvolver ao longo do seu processo de aprendizagem.
Consciente da necessidade de se originar uma nova vaga de educação para a sociedade numa fase de efervescência social a nível global, também salientou todas as vertentes que teria em conta caso criasse uma escola e explicitou a sua opinião relativamente à escola pública, que foi aquela que escolheu para a educação dos seus filhos.
Um episódio a não perder para navegar pelo atual mundo empresarial português e o seu cruzamento com as escolas, tendo bem presente o contexto internacional e as características da sociedade contemporânea e futura. Tudo isto sob o olhar de um pai, empreendedor, psicólogo e expert em recrutamento no mercado profissional.
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